Na decisão, a juíza Etelvina Lobo Braga salientou que a reabertura das escolas é medida adotada pelo Estado após criteriosa análise técnico-científica devendo, contudo, o Estado cumprir fielmente os protocolos de saúde e de segurança para o retorno das aulas.

A juíza titular da 3.ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de Manaus, Etelvina Lobo Braga, indeferiu, na tarde desta sexta-feira (7), o pedido de suspensão da retomada das aulas presenciais na rede pública estadual de ensino, previstas para a próxima segunda-feira, dia 10, feito pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado do Amazonas (Sinteam). Com isso, as aulas presenciais estão mantidas para essa data.

A decisão interlocutória foi proferida no processo n.º 0697231-89.2020.8.04.0001 e nela a magistrada citou que “a reabertura das escolas é medida adotada pelo Estado após criteriosa análise técnico-científica, posto que para se adotar tal medida houve análise semanal da matriz de risco epidemiológico, tendo sido verificada a redução progressiva do número de casos novos, de óbitos e da ocupação hospitalar em Manaus, o que permite a flexibilização, devendo contudo, cumprir fielmente os protocolos de segurança da Fundação de Vigilância Sanitária (FVS)”, afirmou a juíza Etelvina Lobo Braga.

Na inicial do processo, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado do Amazonas (Sinteam) requereu a suspensão do retorno das aulas presenciais, previsto para o próximo dia 10 de agosto, afirmando que muitos profissionais da educação, alunos e responsáveis não estariam de acordo com o retorno das aulas presenciais, pois não sentiam segurança para que isso ocorresse.

Na decisão, a juíza Etelvina Lobo Braga afirmou que, ao contrário do que o sindicato alegou, o Estado trouxe aos autos comprovação de que vem atuando para proporcionar segurança aos professores, alunos e demais trabalhadores. “O ente público requerido iniciou a instalação de 650 totens de álcool em gel, 16 mil dispensadores de álcool em gel e sabonetes em todas as 598 escolas da rede pública estadual, visando o retorno das aulas presenciais”, apontou a magistrada.

A juíza Etelvina Lobo Braga, com base em informações prestadas pelo Estado nos autos, também salientou que “a Secretaria de Estado de Educação e Desporto em parceria com a Fundação de Vigilância Sanitária do Amazonas (FVS) ministrou formação sobre os protocolos de segurança em saúde nas escolas a estudantes dos cursos de Enfermagem e Técnico em Enfermagem que se voluntariaram para atuar nas unidades de ensino médio da rede estadual que retornarão às aulas presenciais na próxima segunda-feira (10 de agosto)”, apontou a magistrada.

A titular da 3.ª Vara da Fazenda Pública, na decisão, destacou que o pedido de suspensão da reabertura das escolas é baseado em suposições da parte requerente sem qualquer prova técnico-científica embasando o pedido. “Por outro lado, a FVS, que possui responsabilidade pela gestão dos sistemas de vigilância epidemiológica, sanitária, ambiental e de saúde do trabalhador, elaborou Nota Técnica (26/2020) onde esclarece que, apesar de ainda haver grande suscetibilidade universal ao vírus (covid-19), o risco, atualmente, é cada vez menor no Amazonas. Assim, a flexibilização das atividades, incluindo o retorno às aulas, é possível, desde que haja a garantia de que todos os protocolos de saúde e biossegurança estabelecidos sejam cumpridos”, apontou a magistrada.

Por fim, a juíza Etelvina Lobo Braga mencionou que conforme jurisprudência, a decisão de retorno das aulas é função típica do Poder Executivo, “cabendo a ele, exclusivamente, a atribuição de decidir, da melhor maneira possível, sobre a estratégia de reabertura das escolas, sendo vedado ao Poder Judiciário interferir em seu conteúdo, sob pena de indevida afronta à independência dos Poderes”, concluiu a magistrada em sua decisão.

Texto: Afonso Júnior

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Coordenadora da Coij, desembargadora Joana Meirelles e equipe técnica visitaram os Abrigos de Acolhimento “Tarumã-Açu” e “Saica”.

 titular da Coordenadoria da Infância e da Juventude do Tribunal de Justiça do Amazonas (Coij/TJAM), desembargadora Joana dos Santos Meirelles, realizou, na última quinta-feira (30), visitas técnicas a dois abrigos de acolhimento da cidade de Manaus, incluindo o Abrigo Tarumã-Açu, que atende famílias venezuelanas da etnia Warao.

Na oportunidade, a desembargadora esteve acompanhada da secretária administrativa e também da assistente social da Coij, respectivamente as profissionais Haline Campos e Jane Nagaoka.

Além da visita técnica ao Abrigo Tarumã-Açu, localizado na zona Oeste da capital, a equipe da Coij visitou, também, as novas instalações do Serviço de Acolhimento Institucional de Crianças e de Adolescentes (Saica), situado no bairro João Paulo (zona Leste de Manaus).

Os dois Abrigos, tanto o Saica, quanto o Tarumã-Açu, são administrados pela Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Cidadania (Semasc) e a visita a este último teve a participação da secretária da pasta, Suzy Anne Zózimo Sabino de Araújo; da ex-secretária da Semasc, Conceição Sampaio; da primeira-dama do Município e presidente do Fundo Manaus Solidária, Elisabeth Valeiko; de representantes do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) e de integrantes da rede de proteção social articulados em ação intersetorial.

O Abrigo Tarumã-Açu acolhe famílias venezuelanas da etnia Warao e de acordo com a desembargadora Joana Meirelles, a visita institucional teve como finalidade conhecer as condições de acolhimento, com especial atenção às crianças e aos adolescentes, considerando o compromisso do TJAM com a garantia da proteção social deste público, de modo a resguardá-los de qualquer situação de risco ou violação de direitos. “Por meio da Coordenadoria, o Tribunal vem se articulando com instituições governamentais e não governamentais no combate ao trabalho infantil de crianças e de adolescentes nas vias públicas de Manaus, com destaque à situação de mendicância com utilização de crianças venezuelanas”, afirmou a magistrada.

Com base nas informações da assistente social Ana Maria Lima de Carvalho, gerente do Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora do Departamento de Proteção Especial da Semasc, em relatório atualizado no último dia 29, o Abrigo Tarumã-Açu totaliza 134 pessoas acolhidas, o que corresponde a 24 famílias venezuelanas. Deste universo, 29 são crianças de 0 a 5 anos de idade; 29 são crianças na faixa etária de 06 a 11 anos e 19 são adolescentes (de 12 a 18 anos), perfazendo um total de 77 crianças e adolescentes: 57% dos acolhidos pelo abrigo.

Conforme informações da Coij, observou-se durante a visita, que o espaço é amplo, o que possibilita a realização de várias atividades de esporte, lazer e entretenimento para as crianças e adolescentes.

Localizado em área verde, o abrigo possui três redários, banheiros, refeitório, quadra de esporte, salão de reunião (tipo auditório), salas de atividades do Projeto Super Panas (Acnur) e demais salas administrativas, como sala da coordenação, da equipe psicossocial e de escuta qualificada.

Na visita às novas instalações do Abrigo Saica, que atualmente funciona no bairro da Compensa (zona Oeste de Manaus), a Coij observou que a nova estrutura conta com terreno amplo e arborizado, com parquinho infantil, piscina, berçários, dormitórios e demais espaços da administração e equipe técnica. A previsão de transferência para a nova unidade, conforme o gerente do Abrigo, Carlos César Ferreira, deve ocorrer no mês de agosto.

Afonso Júnior

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A comissão analisou relatórios sobre os atendimentos realizados e discutiu ações para o retorno das atividades presenciais, ainda sem data definida.

Membros do Subcomitê de Atenção Integral à Saúde de Magistrados e de Servidores do Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas reuniram-se para consolidar dados do relatório geral dos atendimentos realizados durante o período da pandemia do novo conoravírus. O encontro alinhou, ainda, questões sobre as próximas estratégias para a retomada das atividades presenciais por parte dos magistrados, servidores e estagiários do Tribunal, ainda sem data definida. A reunião contou com a presença do juiz, Áldrin Rodrigues; da psicóloga, Sandra Desideri; da médica e diretora da Divisão de Serviços Médicos, Ana Cyra Coelho; e de Sara Archur, da equipe do Setor Médico.

Conforme o balanço apresentado na reunião, entre março e junho deste ano, as atividades coordenadas pelo subcomitê somaram 552 atendimentos na Especialidade de Clínica Médica – realizados de forma presencial, em escala de plantão organizada pela Divisão de Serviços Médicos, com profissionais da área médica e de enfermagem, em sistema de rodízio –; 70 atendimentos médicos de forma remota; 15 atendimentos na especialidade de Psiquiatria; 682 em Psicologia; 10 pela nutricionista; além de 253 atendimentos realizados pelo Serviço Social e 41 pelo Serviço de Capelania.

As atividades organizadas pelos vários setores que atuam vinculados ao Subcomitê de Saúde buscaram atender às mudanças de rotina impostas pela pandemia de covid-19, com estratégias voltadas às necessidades evidenciadas pelos servidores em relação às questões da saúde. Canais, como e-mail; telefone e aplicativos de mensagem foram ferramentas importantes e bastante utilizadas com esse objetivo. O atendimento tem contado, ainda, com a participação de profissionais que se disponibilizam a atuar voluntariamente.

“Elaboramos estratégias de atendimento para responder às necessidades dos servidores em questões de saúde, com atividades multidisciplinares, buscando dar um suporte mais firme e significativo, com respostas rápidas àqueles que buscam pelo atendimento”, ressaltou a psicóloga, Sandra Desideri.
Ações

Além dos meios de comunicação disponibilizados aos servidores pelo Subcomitê de Saúde, a comissão possui, ainda, um perfil no Instagram (subcomite.saude_servidor.tjam) com o objetivo de disseminar informações voltadas ao enfrentamento à pandemia de covid-19 e reduzir, mesmo que virtualmente, os efeitos do período de distanciamento social.

“Uma das mudanças que mais percebi nesse período foi que a gente tirou nossas armaduras, por mais que tivéssemos que seguir um protocolo de segurança, para nossa saúde. Pela nossa responsabilidade social e profissional, pelo bem-estar do próximo, nós nos desarmamos e nos unimos em prol do outro. Entendemos que aquele era um momento de aflição, muitas vezes de dor por uma perda de um ente querido e que precisávamos estar a postos. Isso nos manteve mais firmes e motivados a continuar nossos trabalhos”, pontuou Desideri.

Prêmio Innovare

O projeto “Suporte Emocional”, desenvolvido sob a coordenação do Subcomitê de Saúde do TJAM e que abrange as atividades realizadas neste período de pandemia para atendimento aos magistrados, servidores e estagiários da Corte, foi selecionado na primeira fase do Prêmio Innovare 2020. O prêmio, que está na sua 17.ª edição, tem como objetivo identificar, divulgar e difundir práticas que contribuam para o aprimoramento da Justiça no Brasil.

O juiz Áldrin Rodrigues ressalta que o levantamento prévio dos resultados das ações efetivadas pelos setores que integram o subcomitê demonstram como foi importante o trabalho de suporte oferecido pelo projeto. Entre março e junho do ano passado, o Setor de Psicologia, da Divisão de Serviços Médicos, registrou 463 atendimentos. Neste ano, no mesmo período, que corresponde aos primeiros meses do distanciamento social imposto pela pandemia, com praticamente todos os servidores atuando de forma remota, os atendimentos, ofertados por diversos canais alternativos (aplicativos de mensagem e e-mails, por exemplo) cresceram 47,3%, chegando a 682 atendimentos.

“Esse crescimento demonstra o quanto foi importante buscarmos alternativas para dar o suporte emocional aos nossos magistrados, servidores e estagiários, muitos dos quais enfrentaram situações de perda de familiares ou de amigos, vitimados pela covid-19, além de terem de lidar, de forma emergencial, com mudanças bruscas nas suas rotinas, com o trabalho remoto, o isolamento social, entre outras situações”, destacou o juiz Áldrin.

Neste ano, ao todo, 646 boas práticas estão participando da disputa pelo Prêmio Innovare. Cada um desses trabalhos passará por avaliação das equipes de trabalho que atuarão no julgamento dos trabalhos. Os vencedores serão anunciados neste segundo semestre, em data ainda a ser definida.

Jéssica Rebello
Revisão de texto: Joyce Tino

DIVISÃO DE DIVULGAÇÃO E IMPRENSA
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Duas campanhas de arrecadação de donativos foram realizadas com o apoio de magistrados e servidores, nos últimos dois meses.

s duas campanhas de solidariedade promovidas pelo Subcomitê de Logística Sustentável do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) nos meses de maio e junho deste ano, conseguiram arrecadar R$ 2,6 mil, além de donativos que permitiram a montagem de 16 cestas básicas. As ações de mobilização – que ocorreram no contexto das dificuldades impostas pela pandemia de covid-19 – buscaram ajudar as famílias de trabalhadores de duas cooperativas de coleta seletiva que atuam em unidades do Tribunal – a Eco-Cooperativa e a Cooperativa Aliança –, além de uma instituição de acolhimento que atua voltada para idosos em situação de rua. O Subcomitê é presidido pelo desembargador Délcio Luís dos Santos.

A primeira campanha, realizada na segunda quinzena de maio e voltada para o auxílio às famílias dos trabalhadores das duas cooperativas, funcionou no sistema de drive-thru solidário, quando equipes da Divisão de Serviço Social e Acessibilidade montaram um posto de arrecadação no estacionamento do Fórum Ministro Henoch Reis, localizado no bairro São Francisco, zona Sul de Manaus, para receber as doações de alimentos não perecíveis. Também foram divulgados os números das contas bancárias das duas cooperativas, por meio dos quais as pessoas puderam fazer doações financeiras.

Com os produtos arrecadados, o Subcomitê montou 14 cestas básicas. As doações em dinheiro somaram R$ 680 (equivalente a 11 cestas básicas). Os valores foram depositados pelos doadores diretamente na conta da Eco-Cooperativa e da Cooperativa Aliança.

Oito cestas básicas e mais doações de roupas foram entregues no dia 16 de junho, no Fórum Henoch Reis, para o responsável pela Eco-Cooperativa, Brendo Lima de Figueiredo, que expressou gratidão. “Estamos muito felizes porque essa ajuda chegou em um momento complicado, em que nossa cooperativa se encontra com grande parte de suas atividades suspensas”, disse.

O Subcomitê de Logística Sustentável também fez a entrega dos donativos arrecadados à Cooperativa Aliança.

Outra ação solidária

Realizada na segunda quinzena de junho, a outra ação solidária, denominada “Mão Amiga”, beneficiou a instituição Fraternidade Amigos Irmãos da Caridade (FAIC), um abrigo de longa permanência de idosos, localizado no bairro Educandos, zona Centro-Sul da capital. Além de duas cestas básicas e de materiais de higiene e limpeza, a instituição foi beneficiada com doações em dinheiro no valor de R$ 2 mil, feitas diretamente em sua conta bancária, informada ao público por ocasião do lançamento da campanha.

Apoio

“Estamos felizes em poder, com o apoio dos nossos magistrados e servidores, de alguma forma ajudar famílias e instituições a atravessar esse momento difícil da pandemia. Estas ações de solidariedade, efetivadas pelo Subcomitê de Logística Sustentável, tem impacto social. As famílias dos trabalhadores das cooperativas de coleta seletiva, foram muito afetadas pela suspensão das ativiades presenciais, pelo distanciamento social, pois eles ficaram sem as matérias-primas que geram trabalho e renda para seu sustento e realmente tiveram que contar com essa rede de apoio da qual buscamos fazer parte. No que tange ao Abrigo de Idosos FAIC, esse apoio também é importante para a manutenção básica da instituição que sobrevive, exclusivamente, de doações, contribuindo para a qualidade de vida desses idosos em situação de vulnerabilidade”, avaliou a diretora da Divisão de Serviço Social e Acessibilidade, Monike Antony.

Sandra Bezerra

Foto: Chico Batata / Arquivo TJAM

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Os tipos de abuso; a subnotificação dos casos; a importância de protegeger crianças e adolescentes dos riscos oferecidos pela internet nesse tipo de crime estiveram entre os temas abordados.

Apenas um em cada dez casos de abuso sexual chegam ao conhecimento da autoridade policial ou das demais instituições da rede de proteção, apontando o quanto ainda é expressiva a subnotificação desses casos. Estatísticas do Disque 100, telefone nacional para denúncia de violação dos direitos humanos, indicam que, em 2019, houve 86.837 noticias de violação de direitos de crianças e adolescentes, dos quais 17 mil tratavam de violência sexual. Os dados foram apresentados pela juíza Articlina Oliveira Guimarães, titular da Vara Especializada em Crimes contra a Dignidade Sexual de Crianças e Adolescentes da Comarca de Manaus, na sexta-feira (17), durante sua participação no último dia de debates da “Semana Amazonense em Defesa do Estatuto da Criança e do Adolescente”.

 

“O Amazonas registrou 813 casos em 2019. No ano de 2017, tivemos notificados 686 e um total de 809, em 2018. Isso nem de longe reflete a realidade, sabemos que a grande maioria dos casos fica encoberto. Segundo o Ministério da Justiça, somente 7,5% dos casos de violência sexual são comunicados às autoridades policiais”, destacou a magistrada. A juíza Articilina afirma que a notificação é muito baixa, porque falar de uma violação na dignidade sexual é muito complicado e os pais pesam isso na hora de passar ao conhecimento da autoridade policial, pois avaliam que a vítima vai se expor ao repetir e rememorar a história e ao se apresentar para um exame constrangedor no Instituto Médico Legal.

“Há casos, é claro, em que não são notificados, porque o abusador mantém o controle sobre a família, ou a mãe tem uma dependência emocional, afetiva, financeira com ele. Assim, os números oficias não refletem a realidade”, disse a juíza. Ela esclareceu que a grande maioria dos casos de abuso sexual de crianças acontece dentro de casa e no ranking dos abusadores em primeiro lugar está o padrasto; seguido pelo pai; depois pela mãe – que se torna abusadora por omissão e responde por estupro quando deveria proteger o menor e depois irmãos e pessoas conhecidas.

“Acho muito significativa essa estatística, porque mostra que a família que, segundo o ECA tem o dever de proteger essa criança e esse adolescente e deveria colocá-los a salvo de toda forma de violência e de exploração, não está cumprindo esse dever. A gente precisa despertar essa consciência social na família; no Estado; na sociedade, de um modo geral, porque a criança, hoje, é um sujeito de direito e a família tem o dever de proteger”, afirmou.

Articlina também ressaltou o aumento do número de casos e da subnotificação no período de isolamento social pela pandemia da covid-19. “Os especialistas estão indicando que houve um aumento significativo nos casos de violência sexual envolvendo crianças e adolescentes, durante a pandemia. O isolamento social faz com que a criança fique cada vez mais sob o domínio do agressor e ela perde os tradicionais canais de comunicação de denúncia que tinha antes, como a escola, através do professor, que é o canal de 90% das denúncias que são feitas. Portanto, durante essa pandemia vai haver o aumento da subnotificação, e se terá a impressão de que os casos diminuíram, mas o que diminuiu foi a comunicação, enquanto a criança está ali sob domínio total, subjugada pelo agressor”, disse a magistrada.

A juíza salientou a importância de intensificar a divulgação dos canais de denúncia, como o Disque 100; as propagandas educativas e a orientação voltadas para o esclarecimento das vítimas, para que denunciem.

Outro assunto levantado pela magistrada foi os perigos da internet. Ela alerta que as crianças não têm maturidade e não estão preparadas para os perigos das redes sociais, que oferecem alto risco para casos de pedofilia. “Nós não sabemos com quem nossos filhos estão falando. Com o estudo a distância, as crianças precisam usar ferramentas tecnológicas com maior frequência e, com isso, os pais acabam perdendo o controle mais rígido. É preciso ter maior precaução e ter mais controle no uso da internet”, alerta a magistrada.

Articlina frisou que os agressores sexuais adoram essa ferramenta, onde se fazem passar por um jovem com características e linguajar de jovens, com gírias atuais. “Ele faz amizade com a criança e vai ganhar a confiança dela até chegar naquele momento em que vai pedir da criança aquelas fotos chamadas nudes. Aquela criança ou adolescente, confiando, já achando que é um amigo e já tendo despertada a sexualidade por ter confiança nele, vai trocar aquela foto íntima e a partir desse momento o abusador começa a chantagear a criança. Já tivemos casos dessa natureza, e depois que o agressor obtém as fotos, força a criança a encontrar com ele, por meio de chantagem”, explica.

A juíza ressalta que é um engano pensar que o abuso sexual exige o contato físico e que só com a conjunção carnal acontece o estupro. “O abusador pode se valer do canal da internet para praticar o abuso com atitudes se apossando de fotos e vídeos íntimos e depois passa a chantagear a criança”, reforça. Na opinião da juíza, é importante a educação sexual, pois a criança bem preparada e bem instruída vai ter reações diante desse abusador. “Em agosto aconteceu o reconhecimento do estupro virtual, que é o praticado pela internet, o que demonstra que a legislação está se reformulando para punir o abusador virtual”, acrescentou.

Tipos de abuso

A delegada Joyce Coelho, titular da Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente, da Polícia Civil do Amazonas, também participou da mesa-redonda e discorreu sobre os tipos de abuso, incluindo os que acontecem pela internet em época de afastamento social e os crimes de abuso e exploração denunciados pela própria vítima e pela família; também as crianças agenciadas por pessoas que já vieram da realidade de exploração sexual e as vítimas exploradas que veem isso como uma saída para realização dos próprios sonhos.

A delegada traçou um perfil das vítimas de abuso e exploração sexual. “São meninas de classe social inferior; de grande vulnerabilidade social e econômica; de áreas periféricas que são mais facilmente atraídas para exploração sexual. A gente pode observar que é mais possível encontrar vítimas de exploração sexual próximo a rodovias, postos de gasolina e, trazendo para nossa realidade, em áreas centrais, perto dos barcos, dos transportes fluviais. É só sair da nossa zona de conforto, pegar o carro e dar uma voltinha após as 22h no Centro de Manaus que a gente vai ser apresentado à realidade nua e crua”, explicou a delegada, que disse já ter ouvido de uma vítima retirada da exploração sexual que a delegada “havia acabado com os seus sonhos “. A delegada frisou que os piores trabalhos infantis são a exploração sexual infantil e a exploração pelo tráfico.

O defensor público Sérgio Enrique Ochoa Guimarães, outro convidado da mesa de debates, explicou que para poder entender a violência sexual infantil é preciso se aprofundar no conhecimento da sexualidade da infância e da juventude. O defensor observou que na violência e abuso sexual a vítima não sofre apenas pelo ato, mas bem mais pelo contexto familiar. “As vítimas sofriam muito mais quando se sentiam desamparadas pela família”, salientou. O defensor relatou que passou a estudar e pesquisar o contexto histórico para entender o assunto e deixou claro que a necessidade de proteção ao direito da criança se sobrepõe a uma defesa a todo custo do agressor, bem como a necessidade de uma educação e orientação sexual para crianças e adolescentes de acordo com seu grau de entendimento. De forma geral, o defensor lembrou que é histórico o contexto em que a sexualidade da menina é castrada em nome da preservação, enquanto a do menino é incentivada, e essa cultura remonta ao século 19.

“Foi nesse período que houve uma definição do comportamento sexual com a definição da heteronormatividade, que traz implicações importantes principalmente com os papéis de gênero. A partir daí, a gente passa a definir o que é ser um menino, o que é ser uma menina, que tipo de comportamento cabe a um menino e cabe a uma menina. E por que isso é importante? Quando a gente analisa na prática a população vítima da violência sexual, principalmente crianças e adolescentes, percebe que não é exclusividade da vítima ser menina, os meninos também são vitimas. E entra em questão uma situação muito importante, que é: qual o espaço que a criança tem dentro da sua família; do seu contexto social; dos seus cuidadores para tratar sobre a sexualidade. Qual o contato que ela tem com a educação sexual de uma forma adequada à sua idade? A gente percebe que é baixo o grau de educação sexual na nossa infância, até hoje, e isso vulnerabiliza as crianças. Elas não têm a oportunidade de entar em contato com esse conhecimento para poder se proteger e também não se sentem à vontade para falar sobre o assunto. Isso, na minha opinião, deve ser colocado em prática por todos nós que fazemos parte da rede de proteção, porque se não vamos esperar o problema acontecer”, salientou o defensor.

Acolhimento integral

A secretária-executiva da Rede ECPAT Brasil – uma coalizão de organizações da sociedade civil que trabalha para a eliminação da exploração sexual de crianças e adolescentes – Amanda Cristina Ferreira, afirmou ter havido muitas conquistas com o ECA, mas defendeu que é necessário total integração, apoio e diálogo entre os órgãos integrantes da rede de proteção de crianças e adolescentes, bem como a garantia de investimento na estrutura de acolhimento a crianças e jovens vitimas de exploração e abuso sexual.

Militante dos direitos humanos de crianças e adolescentes e presidente do Instituto de Assistência à Criança e ao Adolescente Santo Antônio (Iacas), Amanda Ferreira fez um apelo ao Poder Executivo para que nomeie, com urgência, o Conselho de Direito da Infância e Juventude do Estado, com objetivo de que sejam liberados os recursos federais para a construção de Centros Integrados de Proteção.

Ela explicou que cabe ao Conselho a fixação de critérios de utilização, através de planos de aplicação das doações subsidiadas e demais receitas, aplicando necessariamente percentual para incentivo ao acolhimento. De acordo com Amanda, o Amazonas possui R$ 7,5 milhões em recursos federais para investimento na construção dessa estrutura no Amazonas.

“O Conselho é o responsável pelas políticas da infância em todo lugar, do Município à esfera federal, e nós estamos há oito meses sem Conselho de Direito no Estado do Amazonas, porque o governador ainda não enviou os nomes dos conselheiros para o Diário Oficial e estamos todo esse período sem poder movimentar o recurso que o Ministério Público do Trabalho doou para a construção do Centro Integrado de Acolhimento a Crianças e Adolescentes”, afirmou. De acordo com ela, o repasse será em parcelas do valor doado em 2019 e que a não-nomeação do Conselho impede a realização do plano arquitetônico de um Centro Integrado onde estariam concentrados todos os serviços da rede de apoio sem ter que deslocar o menor vitima para os órgãos situados em pontos diferentes da cidade.

“Antes o governo falava que não tinha recurso para a construção de um Centro Integrado, mas já existe o dinheiro, falta apenas nomear um conselho, de fato, porque de direito as pessoas que estão lá já foram eleitas. Mas até agora não houve nomeação. É preciso urgência para discutir politica para amparo integral ao direito da criança e do adolescente”, frisou.

A secretária falou sobre o histórico de exploração sexual de crianças, em sua maioria indígenas e negras, que sofrem exploração e abuso desde o período da colonização brasileira, mas que a defesa do direito não possui raça e o ECA é claro quando define o pleno direito de proteção de todas as crianças e jovens no Brasil.

A mesa-redonda do último dia da “Semana Amazonense em Defesa do ECA” teve como mediadora a advogada Thandra Sena, da OAB/AM

 

Sandra Bezerra
Revisão de texto: Joyce Tino

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Desembargadores da Corte Estadual de Justiça consideraram indevida a alegação do Sindicato do Comércio Atacadista e Distribuidor do Amazonas, de que o art. 1.º, §1.º, da Lei Estadual n.º 5.145/2020 afrontou a Constituição Federal.

O Pleno do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), em sessão realizada nesta terça-feira (8), indeferiu uma medida cautelar em Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) e manteve eficácia da Lei Estadual n.º 5.145/2020 que vedou o aumento dos preços de produtos e serviços, sem justa causa, durante o período da pandemia da covid-19 em que estiver em vigor o Plano de Contingência da Secretaria de Estado de Saúde, referente ao novo coronavírus.

O processo (4001998-49.2020.8.04.0000) teve como relator o desembargador Aristóteles Lima Thury, cujo voto, acompanhado por unanimidade pelo Pleno da Corte, indeferiu a medida cautelar em Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) apresentada pelo Sindicato do Comércio Atacadista e Distribuidor do Estado do Amazonas.

Nos autos, a entidade sindical alegou que o art. 1.º, §1.º, da Lei Estadual n.º 5.145/2020 padece de inconstitucionalidade formal e material, tendo usurpado a competência privativa da União para legislar sobre direito civil e comercial, tendo infringido o art. 22, I, da Constituição Federal. O sindicato impetrante sustentou, ainda, que o dispositivo legal combatido também incorreu em inconstitucionalidade material pela suposta ausência de definição do termo “justa causa” e pela violação à livre iniciativa e liberdade econômica, o que implicaria na violação dos art. 4.º e 166 da Constituição do Estado do Amazonas.

Para o relator do processo, todavia, os argumentos da entidade sindical não merecem prosperar. “No que tange à alegada inconstitucionalidade formal, em razão de eventual usurpação de competência privativa da União para legislar acerca de direito civil e comercial, conforme delimita o art. 22, I, da Lei Maior, tenho que tal argumentação não é aferível (…) Muito embora a impetrante indique, em suas razões, que a legislação atacada dispôs acerca de direito civil e comercial, o que implicaria em inolvidável ingerência nas prerrogativas legislativas da União, extrai-se, nesta sede de cognição sumária, tanto da justificava do projeto de lei que redundou na legislação ora combatida, como do próprio corpo da lei impugnada, o caráter protetivo dos dispositivos entabulados e que se relacionam, à primeira vista, com a preservação dos direitos do consumidor durante o período de extrema excepcionalidade vivenciado em consequência da pandemia decorrente do COVID-19, resultando, dessa forma, do regular exercício da competência concorrente para legislar acerca do tema”, apontou o desembargador Aristóteles Lima Thury em seu voto.

Sobre a inconstitucionalidade material, também alegada sindicato impetrante, o relator rechaçou o argumento. “Quanto às hipóteses de inconstitucionalidade material apontadas e que se relacionam com a alegada violação do art. 4.º da Constituição Estadual, ante a ausência de definição do termo “sem justa causa”, assim como do art. 166, I a IV, da Carta Estadual, por alegado desrespeito à livre iniciativa e à liberdade econômica, tenho, também, carecer ao impetrante os requisitos necessários ao deferimento da medida cautelar. É que, em análise perfunctória do texto legal atacado, verifica-se que a matéria em questão trata de reprodução da disciplina do art. 39, X, do Código de Defesa do Consumidor e que, assim como a legislação amazonense, trouxe a vedação, mesmo em tempos de normalidade social, de práticas abusivas por parte dos fornecedores de produtos e serviços que consistam na elevação sem justa causa dos preços praticados (…) Desse modo, não sendo possível constatar de pronto a plausibilidade jurídica das alegações ventiladas, bem como a possibilidade de prejuízo que decorra do regular trâmite da presente ação, deve-se prestigiar a presunção de constitucionalidade dos atos normativos”, concluiu o desembargador Aristóteles Lima Thury, indeferindo a medida cautelar.

 

Afonso Júnior
Foto: Raphael Alves / Arquivo TJAM

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Magistrado deixará a vice-presidência do TJAM na sexta-feira (3) e presidiu nesta quarta-feira (1.º) sua última sessão como dirigente das Câmaras Reunidas.

O desembargador Wellington José de Araújo dirigiu nesta quarta-feira (1.º) sua última sessão como presidente das Câmaras Reunidas da Corte Estadual de Justiça. Esta foi uma das funções desempenhadas pelo magistrado ao assumir a vice-presidência do Tribunal de Justiça do Amazonas no dia 4 de julho de 2018. A partir da próxima semana, as Câmaras Reunidas passam a ser dirigidas pela desembargadora Carla Maria Santos dos Reis, que assumirá na sexta-feira (3) a vice-presidência do Poder Judiciário Estadual, para mandato que se estenderá até o dia 3 de julho de 2022.

Em sua última sessão como presidente das Câmaras Reunidas, ao cumprir a pauta de julgamentos, o desembargador Wellington Araújo evidenciou e agradeceu a contribuição dos 24 desembargadores – e da juíza convocada Onilza Abreu – que com ele compõem o referido colegiado e afirmou que conclui a missão certo de que buscou desenvolver um trabalho de qualidade, focado na prestação jurisdicional célere e eficiente. “O sentimento é o de dever cumprido e o de gratidão a todos os colegas que contribuíram para que as funções das Câmaras Reunidas fossem desenvolvidas com êxito, como os jurisdicionados almejam”, afirmou.

De igual maneira, o desembargador destacou o empenho de toda a equipe que integra a Secretaria das Câmaras Reunidas, a quem cabe o trabalho administrativo em preparação aos julgamentos. “Na conclusão de nosso trabalho como presidente do colegiado, é imprescindível destacar e agradecer à equipe de servidores que atuam na Secretaria das Câmaras Reunidas, servidores que neste dois anos (2018-2020) foram extremamente profissionais e nos auxiliaram a desenvolver um trabalho reconhecidamente de grande qualidade e eficiência. Na pessoa da secretária – senhora Maria Goreth Souza – agradeço a todos pelo empenho e comprometimento com suas funções públicas”, citou o desembargador Wellington.

No ensejo da conclusão de suas atribuições como presidente das Câmaras Reunidas, Wellington Araújo fez um breve balanço dos trabalhos desenvolvidos no biênio 2018-2020 e ressaltou a iniciativa de realização de julgamentos de maneira virtual, o que, segundo o desembargador, empregou maior celeridade aos processos demandados. “Foi uma decisão necessária e acertada, que deu maior agilidade aos julgamentos e que foi por nós projetada bem antes do cenário de pandemia, sendo reforçado neste período onde os trabalhos presenciais, incluindo os julgamentos, tiveram que ser adaptados”, comentou o magistrado.

Estatísticas

Conforme levantamento realizado pelo Núcleo de Estatística e Acompanhamento de Metas do Tribunal de Justiça do Amazonas, no período de julho de 2018 a maio de 2020, as Câmaras Reunidas do TJAM proferiram 2.913 sentenças (sendo 1.988 com Resolução do Mérito e 925 sem Resolução do Mérito); além de 1.608 decisões; 7.084 despachos e foi responsável por 7.218 processos baixados.

Vice-presidência

Na oportunidade, o desembargador Wellington José de Araújo também fez um breve balanço de sua gestão à frente da vice-presidência do TJAM, onde, segundo ele, procurou representar a Corte, quando solicitado e, além disso, contribuir com a administração do Poder Judiciário, com inúmeros projetos. “Podemos citar, por exemplo, o empenho de nossos juízes auxiliares – juíza Lídia Frota e juiz Cid Veiga – que contribuíram com o Poder Judiciário no desenvolvimento de inúmeros projetos, tais como a captação de recursos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) para a execução de importantes projetos como o “Integra TJAM” que abrange tecnologia de reconhecimento facial para prover uma maior segurança a quem acessa os prédios do TJAM e, entre outros, a edição e publicação do primeiro ‘Manual de Direito Ambiental de nossa Corte Estadual’”, disse o desembargador, aproveitando para agradecer, também, a todos os servidores que contribuíram com ele, nestes dois anos (2018-2020), na vice-presidência do TJAM.

 

Afonso Júnior
Fotos: Raphael Alves

Material informativo consta indicações sobre serviços de acolhimento; de escuta qualificada e para recebimento de denúncias de agressões e outras formas de violência.

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ), por meio da coordenação nacional do programa “Justiça Presente”, elaborou e disponibilizou a juízes e a equipes de diversas unidades judiciárias do País um material informativo e de orientação para combater e prevenir a violência doméstica neste período de pandemia.

O material foi elaborado de maneira eletrônica e, no Amazonas, está sendo disseminado pela coordenação estadual do programa “Justiça Presente”, já tendo sido repassado a magistrados e a profissionais que atuam nos Juizados Especializados no Combate à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (Juizados Maria da Penha); na Vara de Execução de Medidas e Penas Alternativas (Vemepa) e na Central Integrada de Alternativas Penais, da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), sendo repassado, ainda, à rede local de entidades parceiras, tais como o Grupo de Trabalho de Proteção Social e outros.

O material conta com um amplo levantamento de informações relativas à atuação dos órgãos e entidades que atuam no enfrentamento à violência doméstica, bem como serviços de orientação contra violência praticada em desfavor do público feminino no contexto da pandemia da covid-19.

“Em função de várias solicitações recebidas quanto à forma de atuação dos serviços parceiros e o tratamento às violências contra as mulheres no contexto da pandemia, o Programa Justiça Presente do CNJ elaborou, com outros parceiros, essas sistematizações. Assim, foi realizado um amplo levantamento de publicações que consideramos importantes e que poderão servir como referências para as atuações locais. Este material é muito dinâmico e a cada leitura poderá colaborar para a sensibilização quanto à qualificação das atuações neste momento da pandemia”, destacou o coordenador do Programa Justiça Presente no Amazonas, Ricardo Péres.

A articuladora do material e coordenadora nacional do “Eixo 1″ do Programa Justiça Presente, Fabiana Leite, explicou que o material traz referências nacionais e internacionais de atuação contra a violência doméstica no contexto da covid-19. “Nosso intuito é contribuir a partir de um aporte técnico, mostrando as várias possibilidades de atuação, visando prevenir a violência contra mulheres. Nossa proposta é divulgar esse material ao maior número possível de instituições que atuam para reduzir os índices da violência doméstica. Neste material, por exemplo, há referências sobre serviços de acolhimento, de escuta qualificada e para denunciar casos de violência contra as mulheres, nesse contexto de pandemia”, disse a coordenadora.

 

Déborah Azevedo

E-mail: tjamweb@gmail.com

TERÇA, 16 JUNHO 2020 10:15

niciativas da Justiça Estadual em favor de internos de centros socioeducativos e detentos de unidades prisionais ganharam destaque em plataforma internacional.

A atuação do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) ganhou visibilidade internacional com duas reportagens que fazem parte de práticas do sistema de Justiça inseridas no “Centro de Informação sobre a covid-19 e Pessoas Privadas de Liberdade” (COVID-19 AND PERSONS DEPRIVED OF LIBERTY INFORMATION HUB).

A plataforma virtual colaborativa visa reunir experiências, medidas e ações do sistema de justiça e governos no enfrentamento à covid-19 no que diz respeito às pessoas privadas de liberdade no mundo todo.

No total, 91 países de 11 idiomas diferentes, fazem parte da plataforma que é uma iniciativa da Associação para a Prevenção da Tortura (APT), tendo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) como parte da rede de colaboradores do Centro de Informação.

Para Ricardo Peres, coordenador estadual do Programa justiça Presente, “este tipo de ação de monitoramento e fiscalização por parte do Tribunal tem sido fundamental e recomendada pelos organismos internacionais, uma vez que, em tempos como este, de pandemia, com suspensão de visitas nas unidades prisionais, por exemplo, estes lugares tendem a ficar mais isolados. Ou seja, o controle social passa a ser um desafio, por isso se tornando ainda mais necessário. Além disso a prática do Tribunal de Justiça do Amazonas reflete os esforços no enfrentamento à COVID-19 e em consonância com a Recomendação n. 62 do CNJ.”

Recomendações

As publicações nas quais o TJAM foi destaque, trataram de medidas emergenciais recomendadas para evitar a propagação do novo Coronavírus nos centros socioeducativos e nas unidades prisionais da capital. A primeira recomendação foi feita pelo juiz Luís Cláudio Cabral Chaves, no dia 15 de maio deste ano, na qual o titular da Vara de Execução de Medidas Socioeducativas (VEMS), orientou que o Governo do Estado, por meio da Secretaria Estadual de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc), realizasse testagem de todos os adolescentes e funcionários dos abrigos, com teste rápido e sorologia IgG; a sanitização das dependências dos centros, em dias alternados, pelo período de 15 dias a disponibilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) no padrão hospitalar a todos os adolescentes e funcionários (macacão, óculos, viseira de face, toucas, protetor de pés, luvas cirúrgicas e máscaras reutilizáveis por 15 dias); e o cumprimento, irrestrito, dos protocolos médicos e sanitários indispensáveis aos internos e funcionários.

“É uma grande honra saber que fomos pioneiros e que as ações tomadas pela Justiça do Amazonas estão servindo como referência para autoridades ao redor do mundo. Isso nos motiva ainda mais para continuarmos atentos e trabalhando em favor de toda a sociedade”, destacou Luís Cláudio Chaves.

A outra recomendação foi feita pelo juiz da Vara de Execução Penal (VEP) e atual corregedor dos presídios da capital, Glen Hudson Paulain Machado. Ele realizou inspeções e visitas técnicas ao Centro de Detenção Provisória Feminina (CDPMF), ao Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat), ao Centro de Recebimento e Triagem, à Enfermaria Psiquiátrica, ao Centro de Detenção Provisória Masculino 1 (CDPM1), ao Centro de Detenção Provisória Masculino 2 (CDPM2), ao Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) e à Penitenciária Feminina de Manaus e na Unidade Prisional do Puraquequara (UPP). Na ocasião, foram verificadas, entre outras questões, as condições de acomodação dos detentos e os procedimentos de higienização e saúde adotados nas unidades para evitar o contágio pela covid-19.

“Nós ficamos muito felizes de saber dessa repercussão positiva em relação ao trabalho realizado nas unidades prisionais de Manaus. O nosso sentimento é de que estamos no caminho certo de cumprimento do nosso dever como magistrado da Vara de Execuções Penais, acompanhando o cumprimento das penas pelos custodiados e de verificar e tomar providencias quanto a eventuais irregularidades nas penitenciárias de Manaus. Nesse trabalho ressalto que tivemos importantes parceria entre elas a Secretaria de Administração Penitenciária,” destacou o magistrado.

Foram utilizadas como subsídio as orientações técnicas para a realização de inspeções no sistema socioeducativo e prisional no contexto da pandemia da Covid-19, publicações do próprio CNJ feitas no final de maio de 2020, que trouxeram orientações sobre a preparação, periodicidade e procedimentos.

O Centro de Informação pode ser acessado através do seguinte link: https://datastudio.google.com/u/0/reporting/c686bea7-3152-4dd2-b483-fce072f3ddbf/page/UkoKB

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Audiência de Conciliação foi conduzida pelo juiz Paulo de Brito Feitoza, titular da 4.ª Vara da Fazenda Pública.

O juiz Paulo de Brito Feitoza, titular da 4.ª Vara da Fazenda Pública conduziu, por meio de videoconferência, na última terça-feira (9), uma nova audiência de conciliação no processo n.º 0211960-80.2020.8.04.0001, que trata de demandas na área da saúde no Estado e no Município de Manaus, referentes ao enfrentamento contra a covid-19.

Na audiência, se destacou, por exemplo, a necessidade de afastamento dos profissionais de grupos de risco para o novo coronavírus; a apresentação e constituição da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) nas unidades de saúde; a apresentação de protocolos de controle e utilização de EPIs em cada estabelecimento; o treinamento de equipes de paramentação e desparamentação como procedimento padrão e a disponibilização de informações sobre os estoques disponíveis de EPIs no Estado e Município.

Participaram dessa reunião virtual, cerca de 20 autoridades, entre elas, representantes do Ministério Público do Amazonas (MPE-AM); da Procuradoria-Geral do Estado (PGE); da Defensoria Pública do Amazonas (DPE-AM); das Secretarias de Saúde do Estado e do Município de Manaus; além de representantes de sindicatos e associações de profissionais de saúde.

Na reunião houve um debate inicial em relação às providências para o afastamento de profissionais das unidades de saúde, incluídos no grupo de risco para a Covid-19.

Segundo dados da Susam, existem hoje 587 profissionais afastados pelos gestores das unidades e 1.184 dentro do grupo de risco que foram afastados por atestado médico. Já no âmbito das unidades municipais, os profissionais afastados com mais de 60 anos ou em grupo de risco, somam 796 servidores. Porém, se reconheceu que tanto no Município quanto no Estado ainda há vários casos de profissionais que fazem parte desses grupos de risco e que continuam em atividade na linha de frente.

Para solucionar esse problema e levando em consideração a escassez de profissionais, o magistrado propôs a modulação pela idade, como forma de se contemplar o afastamento, pelo menos, daqueles profissionais mais antigos.

“Houve avanços em todos os tópicos apresentados nesta etapa da audiência virtual. Conseguimos estabelecer um ritmo de trabalho e, na base do diálogo, chegamos a propostas viáveis, sem a necessidade de judicialização do processo, trazendo celeridade para um tema que impacta diretamente na vida de tantas pessoas. Acredito que todos os envolvidos nesse processo saem ganhando e principalmente os profissionais e a população são os mais beneficiados,” destacou o magistrado Paulo de Brito Feitoza.

Uma última audiência para os ajustes finais e para a apresentação de informações foi marcada para a próxima quinta-feira dia 11 de junho também por videoconferência.

Destaque Nacional

A iniciativa do TJAM, de priorizar o diálogo na fase pré-processual, foi destaque no “Especial Coronavírus”, apresentado pela jornalista Rafaela Vivas, na TV Justiça, emissora pública com Sede no Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília.

O juiz Paulo Feitoza participou do episódio 64, exibido na última segunda-feira (11), que abordou o tema “Mediação e Conciliação durante a pandemia”.